Exposição Geometrias possíveis, entre ruas, sombras e ficções


Fotografias de Yuri Bittar

30/09 a 04/10/2024
Abertura: 30/09 10h

Local: Escola Paulista de Medicina/UNIFESP, R. Pedro de Toledo, 697, térreo do Edifício dos Anfiteatros
Vila Clementino, São Paulo SP. (Estação de metrô Hospital São Paulo da linha Lilás).

Geometrias possíveis, entre ruas, sombras e ficções

Como nos encaixamos nas duras geometrias das cidades? E como, entre as profundas sombras das ruas e dos sentimentos, encontramos ou criamos nossas próprias ficções? Em duas séries “Geometrias possíveis para um cotidiano impossível” e “Entre ruas, sombras e ficções”, proponho refletir, através do olhar, sobre a vida nas grandes cidades, sobre como convivemos entre as duras linhas que nos conduzem, sobre as sombras que nos absorvem, e as poesias que passam por nós o tempo todo.

O formato vertical das fotografias é uma provocação, e propõe a reflexão sobre as novas formas de ver imagens. Antes do advento da fotografia com o celular, as fotografias eram quase sempre no formato “paisagem”, horizontal, mais condizente com o formato do nosso próprio olhar, e induzido pelo formato das câmeras. Mas hoje, diante do convívio intenso com a fotografia digital, feita e consumida em dispositivos móveis que cabem na palma da mão, nos acostumamos com o formato vertical, antes chamado de “retrato”, agora praticamente o padrão. O que me parece é que esse formato sempre corta algo das laterais, mas por ouro lado abre espaço para o que está acima e abaixo, muitas vezes apenas sombras e vazios.

Série Geometrias possíveis para um cotidiano impossível
Nos encaixamos como podemos em um cotidiano geométrico, apressado, impossível e desumano, e espremidos entre linhas - arquitetura, transporte, telefone, internet - continuamos sendo orgânicos, irregulares e desalinhados como uma tempestade, mesmo que, na aparência, ou da forma possível, andamos alinhados e resignados, adaptados às geometrias impostas.

Série Entre ruas, sombras e ficções
Ando, e a cada passo contemplo ruas, pessoas e pedras. Entre ficções e esquecimentos, talvez inspirado no poeta, percebo as sombras dos gestos de outros, a poesia do crepúsculo, um desassossego, poesias que, o tempo todo, esvaem antes de serem registradas. Como disse Fernando Pessoa (Livro do Desassossego, v.164):

“Nenhum de nós, desde o gato até mim, conduz de facto a vida que lhe é imposta, ou o destino que lhe é dado; todos somos igualmente derivados de não sei quê, sombras de gestos feitos por outrem, efeitos encarnados, consequências que sentem.”